Reacreditar para Recomeçar
Chega o final do ano e é tempo de encerrar um período. De
começar uma nova estação. De recomeçar. E no balanço de tudo o que foi vivido,
balanço como movimento oscilatório em meio as reviravoltas da vida, e balanço como
resultado do que ficou no coração e na alma; é preciso escolher o que levar
adiante. E, principalmente, como levar adiante. Porque, muitas vezes, não temos
o direito de escolha do que viver. Vêm os desafios, as doenças, as perdas, os
sofrimentos e fracassos. Chegam sem pedir licença, nos impactam, mudam tudo e
ponto final.
O que podemos escolher é como lidar com o que foi vivido, colocar uma vírgula e continuar. Seguir, não parar. Pontuar marcando intercalações e inversões necessárias. Continuar vivendo com fé a história que tem um Autor perfeito e que nunca escreve errado ou torto, é só não atrapalhar, querendo escrever do nosso jeito. Ah, o nosso jeito! Que difícil admitir que nosso jeito é falho e que nem sempre é o melhor! Difícil e misterioso caminho que nos ensina que ainda não sabemos. Que nos ensina que é preciso ser sempre aprendiz. Despir-se da arrogância de querer tudo comandar, sem confiar de verdade Naquele que sempre soube e saberá mais do que nós. Muito mais.
O que podemos escolher é como lidar com o que foi vivido, colocar uma vírgula e continuar. Seguir, não parar. Pontuar marcando intercalações e inversões necessárias. Continuar vivendo com fé a história que tem um Autor perfeito e que nunca escreve errado ou torto, é só não atrapalhar, querendo escrever do nosso jeito. Ah, o nosso jeito! Que difícil admitir que nosso jeito é falho e que nem sempre é o melhor! Difícil e misterioso caminho que nos ensina que ainda não sabemos. Que nos ensina que é preciso ser sempre aprendiz. Despir-se da arrogância de querer tudo comandar, sem confiar de verdade Naquele que sempre soube e saberá mais do que nós. Muito mais.
Mas o bom de poder colocar também um ponto final é a
possibilidade de partir para o novo, de mudar, de recomeçar. E quando os pontos
não são devidamente colocados, muitas vezes, trazemos para o novo período o desnecessário. Coragem! Quanta coragem precisamos para encerrar de verdade o que não vale a
pena levar adiante! A coragem de perdoar, de não guardar mágoa ou culpa, a
coragem de um coração leve, que deposita em Deus aquilo que não lhe pertence. A coragem de acolher a Misericórdia. A coragem
de ser novo. A coragem de romper com as relações que nos fazem mal ou que nos acomodam. A coragem
de ser diferente, alheio à opinião de quem não vive na sua pele e de quem não
acredita na mudança. A coragem de fazer
o que precisa ser feito. A coragem de reconstruir o que deixamos desmoronar.
O novo que desponta nos faz olhar para frente, mas também
nos cobra o que passou. E para seguir é preciso ser costurado de gratidão.
Gratidão pelas coisas boas, tão boas que nos emocionam só em lembrar. O filho
que nasceu, o vestibular que passou, a doença que foi curada, a família
recebida, a comida de cada dia, a providência, os reencontros, os amigos. No
final do ano, fico lendo frases de pessoas que desejam enormemente que o ano
termine logo, que não o aguentam mais. Isso me inquieta. Como recomeçar sem
gratidão pelas dores vividas que te permitem hoje recomeçar? Sem a leitura
grata do que foi escrito, as próximas páginas podem carregar o peso desnecessário
da falta de reconciliação. O ano não tem culpa. O tempo não é o algoz. Por mais
dolorido que tenha sido, se despeça dele com respeito. Ele te trouxe até a
possibilidade de reiniciar.
E aí, então, é realmente prosseguir. Movido pela Esperança,
caminhando atento e não tenso, como se algo bom fosse sempre te surpreender e
não o contrário. Carregando a cruz de
cada dia, sem deixar que ela te carregue ou te pare. Deus não tem armadilhas
preparadas para nós. “Tudo concorre para o bem dos que O amam...”. E ainda é
tempo de começar aquilo que foi engavetado, mas que, no fundo, é o brilho que
te falta nos olhos. Pode ser um sonho, um trabalho, um amor. Pode ser uma decisão
que falta por Deus ou por você. Pode ser próximo ou distante. Pode faltar muito
ou pouco. É preciso dar “start”. Um cristão sem esperança não desfruta daquilo
no qual ele crê. Não existe novo sem esperança.
É só uma data, é só mais um calendário.
E pode ser só isso. Mas pode também ser o balanço que sacode e acorda, que coloca em movimento e que faz
reacreditar para recomeçar.
Feliz Ano Novo!
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